segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Abraços



A alma foi, aos poucos, perecendo.
E antes confortável do que gélido
A foice negra veio como um emendo
O Abraço. Da morte, o sopro frígido.

Suspirou. O último indício de vida
Memórias, Sentimentos, Conquistas.
Faces Supérfluas não mais supridas
Distorcidas, Falecidas, Sofridas.

Mesclou-se então pavor e alegria
Sobras e Sombras eram agora, branco.
Novos braços o envolviam. O Protegia.
Outro Abraço. Da vida, um solavanco. 



 

Vivazes



E, por mais que sejam as supérfluas separações,
Sentimentos mais longe chegam; conquistadoras, conquistadas.
Quadrado cheio de tudo, sem vilões.
De você me deu ciência; espírito livre, sem amarras.

E, por que, “que nada te abale”, Alma independente?
Se tanto em tão poucos girares temporais, atado estou a me sentir.
Até onde podes voar? Corrente não será suficiente.
Sobre seus pés, seguindo em frente, “e que por nada você irá cair”.

E, de digitadas palavras, surgiu o fino fio
Que esbelta e cintilante, laços fraternos, súbitos vivazes, se formaram.
Coexistem, sim, saudades de um abraço macio,
Mas que há de se reclamar; quando almas certamente se tocaram?



Criatividade (?)



Criado. Criatividade. Criativo!
É sentado no suor que te espero
Envolto no glorioso mito,
De prateleiras do ursinho materno.

Criando. Criarei. Crias!
Expresso-me puro, só por você
São letras, de palavras minhas
Mares, céus, emboladas pra quem lê!

Criei. Criação. Criais!
Salto louco para aquelas montanhas
Metas dos olhos, novos ideais!
Expurgo as idéias, leituras castanhas! 




Por querer, eu acho que não é,
Nem simplesmente acaso do acaso (do acaso).
Rancor! Sabe que nunca foi amado!
E agora, chispou! Mancando num só pé!

Culpa, a vizinha, a outra;
Seguiu o adúltero, cheia de malas sem alça,
De puro peso (sobre outros). Sua atraente saia marota,
Agora, não mais, chega de correr descalça!

E ficou lá a Alegria, sem marido e sem vizinha.
Solteira, livre e dando pra todos.
Sendo casado e traído, você a amaria!
Só a Culpa e o Rancor? Hah! Largue de desgostos! 


 

Última Vez



“Vai-te”, me dissera, “leva seu destino”, só uma vez;
Fraterno, o abraço me fizera a vida.
Digo, certo, não saber, do fundo de minha (in)sensatez,
Como e tanto a voz por mim se fez acolhida.

Foi em marrom outonal, bem lembro.
E, da secura de uma desperdiçada transparência dos olhos,
vi ali a gênese de novo sentimento.
Passos de firmeza e pensares hesitantes; sem remorsos.

Já de longe, a alma fez tremer.
E meus passos se projetaram de volta, mas só no meu coração.


Passos não dados



E essa é a dor, querido.
Finda na mente, na silhueta longe.

Chuva caiu, não sem sentido.
Tido como contido, no fundo, na silhueta longe.

Resquícios do nada, você consigo.
Caminha no infinito, busca o finito, a silhueta longe.




Sobre a utopia



Fora não mais que uma tormenta;
Tendo, o viver do impossível, vivenciar.
O peito arde e a alma já não aguenta
Era dor, do desejo jogado ao ar.

Fora muito mais que uma dádiva;
cravou, lá no fundo, a Certeza.
O toque que queria, ela lá estava
Utópica, sonho de lábios, minha princesa.

Não obstante, não é de noites insólitas que se faz vidas
À você, doce amada, estas letras muito mais tem contidas.
Àquela que une tormenta e dádiva, imploro em solo;
Não mais venha nas nuvens, é nos seus reais braços que me revigoro.



Esboços


Em traços de neve, criei-a.
Formada em lábios de mel e suspiro
Temporária, estava ali meu alívio.
E sorria para mim, a sua maneira.

Em traços de grafite existia.
Estátua de Afrodite; inerte, imóvel.
Não obstante, meu ser era onócuo
Diante da imaculada sua magia.

E em traços de lágrimas, lembro o que vivi.
Pois na neve (não) há seu calor.
Pois no grafite (não) há seu louvor.
Mas dos traços, falta a ti. 




Nostalgia



Dos anos, restou-me só a lembrança
Andava com passos manjados na lua
E, de apetrechos, tinha ainda a alma nua
E os anos debocham, de pura vingança.

Vinganças do toque (não) tocado.
Lembranças dos lábios (quem sabe) doces.



 

Faces


Logro de momentos não vividos
Em prosas enfermas
Em latentes sopros de vida

Logro versando dor e suspiros
de cenas eternas
de estória rara cumprida


Logro em versos
que não quero
Logro em palavras
sem mistério





Pseudo Logia





Dos anos, restou-me
a vaga memória

Lágrima suada de quem
(não) se comporta

Carta da alma, escrita
feito uma história

Mingua no céu, aumenta
a dor em uma cota.



Suas Palavras




Foram, talvez, apenas aquelas suas palavras
Vindas no espontâneo de silêncio e sorrisos
Em conversas de noites tão amadas
Em falas de sentimentos esculpidos

Foram, talvez, muitas daquelas suas palavras
Vindas de almas, vontades e descompromissos
Em paixões quase vivenciadas
Em sussurrares quase diluídos

Foram, talvez, simplesmente aquelas suas palavras
Vindas da amada de meus singelos pensamentos
Em falas só compartilhadas
Em toques – tão distantes – não dados

Fora, certamente, você.
Vinda para meus sentimentos
Em palavras, apenas aquelas, ditas.
Muitas daquelas, ditas.
Simplesmente, ditas.


DIálogo



E, veja bem, não haveria eu, de me importar
Se, por um acaso ou descaso, sempre, ao seu lado
Eu acabar vendo o tempo, por nós, passar

 

Lola


Ao caminhar do sentimento intangível 
Sentiu a alma o ardor possível
Mas breve veio
E breve se foi